A garota de Ipanema

"Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça... É ela menina, que vem e que passa. Num doce balanço a caminha do mar..."

Deve-se adimitir: eu sou louca por Vinícius de Moraes.

As vezes até perco-me em devaneios em que sou A garota, a garota de Ipanema. Em que sou a mulher que passa, dos seus poemas...

Vinícius, com jeito malandro carioca, conquistou, abalou e arrepiou. E ainda arrepia...

Com seus versos, seu lirismo, seu romantismo disfarçado de amargura.

Quem não gostaria de ouvir da boca do seu amado o Soneto da Fidelidade?

"De todo, ao meu amor serei atento

Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto..."

Que mesmo em face de maior amor, de tentação... dele, do meu amor, se encante mais meu pensamento.

Com a licença de parafrasear Vinícius, e de emprestar seus versos... nos meus devaneios eu canto, com as doces palavras de Vinícius, acompanhada ao piano por Jobim...

"Moça do corpo dourado, do sol de Ipanema. O seu balançado é mais que um poema, é a coisa mais linda que eu já vi passar..."

Deixo-vos, amores... mas não sem dores. Com as palavras de Vinícius, e a voz de Jobim...

Soneto da separação

De repente do riso fez-se o pranto 

Silencioso e branco como a bruma 

E das bocas unidas fez-se a espuma 

E das mãos espalmadas fez-se o espanto. 

De repente da calma fez-se o vento 

Que dos olhos desfez a última chama 

E da paixão fez-se o pressentimento 

E do momento imóvel fez-se o drama. 

De repente, não mais que de repente 

Fez-se de triste o que se fez amante 

E de sozinho o que se fez contente. 

Fez-se do amigo próximo o distante 

Fez-se da vida uma aventura errante 

De repente, não mais que de repente.

Abraços virtuais,