quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Numa vibe com a Marisa

Abandono do blog... é que a semana está corrida. A prova do estágio da clínica é no sábado e eu estou completamente apavorada, já que estudar o Harrison inteiro se mostrou tarefa impossível de realizar em 2 meses (quem dirá em uma semana, quem dirá em uma vida inteira)...

Mas OK, deixando o pessimismo, o nervosismo e outros ismos de lado, vamos falar um pouco sobre mim (já que o ismo do egocentrismo eu não conseguria por de lado). Nesta semana estou me sentindo numa vibe Marisa Monte, se é que se pode dizer que a MPB é uma vibe...

Engraçado que no último post eu falei das Cecílias da minha vida, estava numa onde poesia, Fernando Pessoa, frases e pensamento... e de repente esta semana a Marisa voltou. Digo voltou porque quando eu era ainda uma metadinha loucurinha minha cunhada (que na época não era ainda casada com meu irmão) era louca pela Marisa Monte. Até hoje ela guarda milhares de cds e fitas cassete com gravações da Marisa, e eu gostava muito de ouvir a voz daquela mulher tão pequena mas que cantava com tanto coração, tanta força e tanta certeza... eu sempre admirei a Marisa,e talvez um pouco por influência da minha cunhada, um pouco da minha irmã (que também tinha altas fitas cassete da Marisa) eu nunca esqueci o que aquela voz e aquela mulher representaram pra mim. E depois, quem resiste aos encantos e sensualidade que só as músicas da Marisa conseguem ter?

Sem mais delongas: a voz dessa mulher é sem comparações. E ela tem um jeitinho todo meigo, todo Marisa que conquista qualquer um...
Então pros corações sozinhos (ou acompanhados) e que curtem a beleza das suas músicas, com vocês, Marisa Monte toda sua...

A Sua Marisa Monte
"Eu só quero que você saiba
Que eu estou pensando em você
Agora e sempre mais
Eu só quero que você ouça
A canção que eu fiz pra dizer
Que te adoro cada vez mais
E que eu te quero sempre em paz

To com sintomas de saudade
To pensando em você
Como eu te quero tanto bem
Aonde for não quero dor
Eu tomo conta de você
Pois te quero livre também
Como o tempo vai o vento vem

Eu só quero que você caiba
No meu colo porque
Eu te adoro cada vez mais
Eu só quero que você siga
Para onde quiser
Que eu não vou ficar muito atrás

To com sintomas de saudade
To pensando em você
Como eu te quero tanto bem
Aonde for não quero dor
Eu tomo conta de você
Pois te quero livre também
Como o tempo vai o vento vem

Eu só quero que você saiba
Que eu estou pensando em você
Pois te quero livre também
Como o tempo vai o vento vem
Porque eu te quero livre também
Como o tempo vai o vento ve"



Um abraço aos amigos de sempre e obrigada pela leitura...

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Outra Cecília em minha vida

Olá caríssimos leitores, boa noite!

Aos que sabem, e também aos que não sabem, é preciso anunciar: o grande amor da minha vida é uma menininha linda de 5 anos de idade, que atende pelo nome de Maria Cecília, minha luz, minha vida, minha sobrinha.

Mas hoje estava aqui com meus botões... e lembrei-me de outra Cecília, que sempre foi fonte de inspiração e a quem sempre admirei: Cecília Meireles...

Nunca me esqueço que quando pequena, eu adorava o poema "A bailarina"...

A bailarina
"Esta menina
tão pequenina
quer ser bailarina.
Não conhece nem dó nem ré
mas sabe ficar na ponta do pé.
Não conhece nem mi nem fá
Mas inclina o corpo para cá e para lá.
—–
Não conhece nem lá nem si,
mas fecha os olhos e sorri.
—-
Roda, roda, roda, com os bracinhos no ar
e não fica tonta nem sai do lugar.
—-
Põe no cabelo uma estrela e um véu
e diz que caiu do céu.
—-
Esta menina
tão pequenina
quer ser bailarina.
—-
Mas depois esquece todas as danças,
e também quer dormir como as outras crianças."
CM



Então hoje, uma pequena homenagem: para minha Cissa, de sua chará... e para mim também, que sou um pouco ainda a sonhadora bailarina, e um pouco a mulher de fases como a lua...

Lua adversa
"Tenho fases, como a lua.
Fases de andar escondida,
fases de vir para a rua...
Perdição da minha vida!
Tenho fases de ser tua,
tenho outras de ser sozinha.

Fases que vão e que vêm
no secreto calendário
que um astrólogo arbitrário
inventou para meu uso.

E roda a melancolia
seu interminável fuso!
Não me encontro com ninguém
(tenho fases, como a lua)

No dia de alguém ser meu
não é dia de eu ser sua...
E, quando chega esse dia,
o outro desapareceu..."

CM


Gostosos abraços virtuais,

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Segunda do Quintana...

Para começar bem a semana, um lembrete às desavisadas mentes e almas que estão por aí perdidas, em busca da felicidade...

"Da felicidade
Quantas vezes, em busca da felicidade, procedemos tal qual o avozinho infeliz...
Em vão, por toda a parte, os óculos procura
Tendo-os na ponta do nariz!"
Mário Quintana

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Um momento para refletir...

Uma mensagem tocante... recebida de uma amigo que mora longe, mas sempre está por perto (obrigada!)...

Você já se perguntou, algum dia, por que é que você nasceu? Por que veio ao mundo?
Cada um de nós traz uma missão para cumprir. Existem aqueles que logo a descobrem e se esmeram no cumprimento dela.
São os gênios, que cedo despertam e atraem para si os olhos do mundo: pintores, músicos, literatos, homens de ciência.
Outros demoram um tempo mais longo para se darem conta do que devem fazer. Alguns nunca chegam a descobrir que nasceram para realizar algo especial.
Esse algo especial pode ser se tornar pai, ou mãe, ter filhos, educá-los, transformando-os em homens de bem.
Quando, por exemplo, assistimos a um espetáculo musical e nos encantamos com a voz de uma cantora, já não nos ocorreu pensar em quem são seus pais? Como a educaram?
Terão percebido, desde cedo, o maravilhoso dom da filha e se esmeraram em lhe propiciar as melhores oportunidades para desenvolvê-lo?
E, concluímos: eles cumpriram sua missão. Aí está sua filha, emocionando corações, enchendo de sons o mundo, encantando plateias, com sua extraordinária voz.
Quando lemos trabalhos científicos ou filosóficos e nos admiramos com o saber ali contido, fruto de mentes de valor, pensamos em que essas criaturas vieram ao mundo para o tornarem melhor.
E estão cumprindo a sua missão, espalhando, com suas teses, suas teorias, seus escritos, suas conferências, as boas ideias, auxiliando a construir o homem renovado. Auxiliando-o a viver melhor.
Quando descobrimos um professor dedicado ao ensino, muito além do dever, pensamos: essa deve ser sua missão!
E como ele a está cumprindo, com honra!
Então, em certos dias, olhamos para nós mesmos, analisamos os anos vividos, os que nos faltam ainda a vencer e nos indagamos: Afinal, porque eu nasci?
Nada fiz ou faço de excepcional. Tenho um diploma, um emprego, sustento-me. Mas, por que estou aqui?
Nada faço que possa melhorar a vida de alguém. Não sou excepcional em nada. Talvez, até, não passe da média.
É nesses momentos que nos devemos recordar de um jovem apaixonado pela verdade que defendia.
Ele crescera, preparando-se para assumir um posto de destaque entre os seus. Seria um rabino. Em verdade, substituto do grande e respeitado Gamaliel.
Contudo, um dia, recebeu um chamado especial. Ele não saberia definir se a voz vinha de fora ou se soava dentro do seu coração.
Mas foi o suficiente para o jovem Saulo indagar: Senhor, que queres que eu faça?
E dali em diante, tornou-se a vontade do suave Pastor na Terra ao ponto de, em determinado momento de sua vida, assim se expressar:
Já não sou quem vive. É o Cristo que vive em mim.
À semelhança do jovem de Tarso, é bom meditemos, vez ou outra, nos indagando: Por que eu estou aqui? Que devo fazer?
E se permitir ouvir a resposta.
Logo identificaremos que temos algo muito importante a fazer: crescer, progredir, melhorarmo-nos.
E, realizando essa proeza, a cada dia, verificaremos que estaremos colaborando para a implantação mais breve do mundo renovado.
Um mundo de paz, de bênçãos, de trabalho, de harmonia.
Pensemos nisso.
Redação do Momento Espírita.
Em 31.01.2011.


quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Ainda Fernando Pessoa

Annabel Lee - Edgar Alan Poe (esse cara era foda), traduzido por Fernando Pessoa (nem precisa comentar)


"Foi há muitos e muitos anos já,
Num reino de ao pé do mar.
Como sabeis todos, vivia lá
Aquela que eu soube amar;
E vivia sem outro pensamento
Que amar-me e eu a adorar.

Eu era criança e ela era criança,
Neste reino ao pé do mar;
Mas o nosso amor era mais que amor --
O meu e o dela a amar;
Um amor que os anjos do céu vieram
a ambos nós invejar.

E foi esta a razão por que, há muitos anos,
Neste reino ao pé do mar,
Um vento saiu duma nuvem, gelando
A linda que eu soube amar;
E o seu parente fidalgo veio
De longe a me a tirar,
Para a fechar num sepulcro
Neste reino ao pé do mar.

E os anjos, menos felizes no céu,
Ainda a nos invejar...
Sim, foi essa a razão (como sabem todos,
Neste reino ao pé do mar)
Que o vento saiu da nuvem de noite
Gelando e matando a que eu soube amar.

Mas o nosso amor era mais que o amor
De muitos mais velhos a amar,
De muitos de mais meditar,
E nem os anjos do céu lá em cima,
Nem demônios debaixo do mar
Poderão separar a minha alma da alma
Da linda que eu soube amar.

Porque os luares tristonhos só me trazem sonhos
Da linda que eu soube amar;
E as estrelas nos ares só me lembram olhares
Da linda que eu soube amar;
E assim 'stou deitado toda a noite ao lado
Do meu anjo, meu anjo, meu sonho e meu fado,
No sepulcro ao pé do mar,
Ao pé do murmúrio do mar." 


Especialmente para mim...

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Navegar é preciso

Estou tendo um momento Fernando Pessoa. Calmaaaaa queridos blogueiros, amigos virtuais e outros: isso não é uma crise de identidade.

A Rê (@renataortega) disse esses dias que eu tenho cara de quem gosta do Fernando Pessoa, e acertou em cheio amiga... eu gosto mesmo. Dele... e de todas as suas personalidades, papéis e representações literárias, verdadeiros heterônimos. Ele foi um dos mais importantes poetas da língua portuguesa, grande escritor e ... bem... não há palavras para descrevê-lo, somente sua obra é capaz de falar por ele.

"Navegar é preciso, viver não. Quero para mim o espírito desta frase, transformada a forma para a casar com o que eu sou: viver não é necessário, o que é necessário é criar"

A frase a que FP se refere e que tantos propagam por aí na verdade é de Pompeu, general romano, dita aos marinheiros que, amedontrados, se recusavam a viajar em navios de guerra. Não há navios de guerra em minha vida, mas quantas vezes nos sentimos amedontrados, horrorizados e até de mãos atadas diante de algo que precisamos ou queremos? Assim, concordo com FP... o espírito desta frase permanece em nossas vidas, porque viver não é necessário... mas inventar a vida é.

Inventar aliás... grande habilidade de FP. Seus heterônimos falam por si só... falam conosco de diferentes formas, mas nos tocam como só FP consegue nos tocar. São tangíveis, e na verdade, não o são (afinal, eles não são alguém)... são partes, fragmentos da alma do grande poeta.

"Criei em mim várias personalidades. Crio personalidades constantemente. Cada sonho meu é imediatamente, logo ao aparecer sonhado, encarnado numa outra pessoa, que passa a sonhá-lo, e eu não."




"Sinto-me nascido a cada momento para a eterna novidade do mundo" - Alberto Caeiro

"Ouvi contar que outrora, quando a Pérsia
Tinha não sei qual guerra,
Quando a invasão ardia na Cidade
E as mulheres gritavam,
Dois jogadores de xadrez jogavam
O seu jogo contínuo.

À sombra de ampla árvore fitavam
O tabuleiro antigo,
E, ao lado de cada um, esperando os seus
Momentos mais folgados,
Quando havia movido a pedra, e agora
Esperava o adversário.
Um púcaro com vinho refrescava
Sobriamente a sua sede.

Ardiam casas, saqueadas eram
As arcas e as paredes,
Violadas, as mulheres eram postas
Contra os muros caídos,
Traspassadas de lanças, as crianças
Eram sangue nas ruas...
Mas onde estavam, perto da cidade,
E longe do seu ruído,
Os jogadores de xadrez jogavam
O jogo de xadrez.

Inda que nas mensagens do ermo vento
Lhes viessem os gritos,
E, ao refletir, soubessem desde a alma
Que por certo as mulheres
E as tenras filhas violadas eram
Nessa distância próxima,
Inda que, no momento que o pensavam,
Uma sombra ligeira
Lhes passasse na fronte alheada e vaga,
Breve seus olhos calmos
Volviam sua atenta confiança
Ao tabuleiro velho.

Quando o rei de marfim está em perigo,
Que importa a carne e o osso
Das irmãs e das mães e das crianças?
Quando a torre não cobre
A retirada da rainha branca,
O saque pouco importa.
E quando a mão confiada leva o xeque
Ao rei do adversário,
Pouco pesa na alma que lá longe
Estejam morrendo filhos.

Mesmo que, de repente, sobre o muro
Surja a sanhuda face
Dum guerreiro invasor, e breve deva
Em sangue ali cair
O jogador solene de xadrez,
O momento antes desse
(É ainda dado ao cálculo dum lance
Pra a efeito horas depois)
É ainda entregue ao jogo predileto
Dos grandes indif'rentes.

Caiam cidades, sofram povos, cesse
A liberdade e a vida.
Os haveres tranqüilos e avitos
Ardem e que se arranquem,
Mas quando a guerra os jogos interrompa,
Esteja o rei sem xeque,
E o de marfim peão mais avançado
Pronto a comprar a torre.

Meus irmãos em amarmos Epicuro
E o entendermos mais
De acordo com nós-próprios que com ele,
Aprendamos na história
Dos calmos jogadores de xadrez
Como passar a vida.

Tudo o que é sério pouco nos importe,
O grave pouco pese,
O natural impulso dos instintos
Que ceda ao inútil gozo
(Sob a sombra tranqüila do arvoredo)
De jogar um bom jogo.

O que levamos desta vida inútil
Tanto vale se é
A glória, a fama, o amor, a ciência, a vida,
Como se fosse apenas
A memória de um jogo bem jogado
E uma partida ganha
A um jogador melhor.

A glória pesa como um fardo rico,
A fama como a febre,
O amor cansa, porque é a sério e busca,
A ciência nunca encontra,
E a vida passa e dói porque o conhece...
O jogo do xadrez
Prende a alma toda, mas, perdido, pouco
Pesa, pois não é nada.

Ah! sob as sombras que sem qu'rer nos amam,
Com um púcaro de vinho
Ao lado, e atentos só à inútil faina
Do jogo do xadrez
Mesmo que o jogo seja apenas sonho
E não haja parceiro,
Imitemos os persas desta história,
E, enquanto lá fora,
Ou perto ou longe, a guerra e a pátria e a vida
Chamam por nós, deixemos
Que em vão nos chamem, cada um de nós
Sob as sombras amigas
Sonhando, ele os parceiros, e o xadrez
A sua indiferença"
- Ricardo Reis

"Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
" - Álvaro de Campos (meu heterônimo favorito)...


À parte de todo o resto, tenho em mim toda a inspiração do mundo... metade de mim é sonho, metade de mim é pranto. Mas a alma, nunca é metade, nunca está sozinha. A alma, que enobrece o homem... a alma, que me faz chorar. A alma... alma minha, é desejo, é lucidez. A alma, à parte de todo o resto, é loucura... 

Isso não é crise de identidade... é loucura pura (sempre fui loucura...) pois, na essência da vida, navegar é preciso.


"Basta pensar em sentir
Para sentir em pensar.
Meu coração faz sorrir
Meu coração a chorar.
Depois de parar de andar,
Depois de ficar e ir,
Hei de ser quem vai chegar
Para ser quem quer partir.
Viver é não conseguir."
Fernando Pessoa